quinta-feira, 28 de agosto de 2008

História das Copas - Suíça 1954 (parte I)


Após 16 anos, a Copa do Mundo voltava à Europa. A II Guerra Mundial paralisou o mundo por uma década, e a primeira Copa após esse período foi realizada no Brasil por falta de infra-estrutura no Velho Continente. A Suíça, entretanto, havia tomado uma posição neutra na guerra e não sofreu muito com a destruição. Além disso, sua localização - no centro da Europa - possibiltava viagens a baixo custo para os países vizinhos.

Pela primeira vez o Brasil se viu obrigado a disputar as eliminatórias, não encontrando, porém, muita dificuldade: venceu Chile e Paraguai e se classificou. A Argentina mais uma vez não quis participar e o Uruguai, atual campeão, qualificou-se diretamente, assim como a Suíça, país-sede. A Hungria, campeã olímpica de 1952, era a principal favorita ao título, embora os bicampeões uruguaios demandassem respeito.

A Espanha, outra seleção forte da época, ficou de fora da Copa de uma maneira inusitada: no confronto com a Turquia, venceu em casa e perdeu fora. No jogo-desempate, em campo neutro, os times empataram e, como naquela época não havia disputa de pênaltis, a Turquia classificou-se através de um sorteio. Na CONCACAF, o México venceu os Estados Unidos e o Haiti e, pela primeira vez, a Copa teve um representante asiático: a Coréia do Sul, que eliminara o Japão. Entretanto, a seleção ainda beirava o amadorismo e sofreu duas goleadas, sem marcar um gol sequer.

A fórmula de disputa mudou mais uma vez. Agora, os 16 times foram dividos em quatro grupos de quatro. Até aí tudo bem, mas em cada grupo havia dois cabeças-de-chave, que não se enfrentavam. Os dois primeiros se classificavam para as quartas-de-final, e a partir daí o torneio seguiria no mata-mata.

Primeira fase

A seleção brasileira chegou muito festejada à Suíça, celebrada por seu futebol envolvente, embora os favoritos ao título fossem os húngaros, campeões olímpicos dois anos antes. O time tinha alguns remanescentes do Maracanazzo de 50, e já contava com jogadores que se tornariam campeões do mundo em 1958, na Suécia.

A estréia foi um passeio de 5 a 0 sobre o México. No segundo jogo, uma cena digna de comédia pastelão. Um empate bastava para classificar brasileiros e iugoslavos, mas a delegação tupiniquim não sabia disso. O Brasil saiu perdendo e, quando Didi empatou aos 24 minutos, o time foi ao ataque desesperadamente, tentando evitar a eliminação. Os iugoslavos tentavam dizer aos brasileiros em campo que o resultado classificava as duas equipes, mas nada adiantou. A partida terminou empatada e os jogadores saíram chorando de campo. Só depois foram avisados de que estavam classificados.

No Grupo 2, a Hungria deu mostras de seu poder ofensivo ao massacrar por 9 a 0 a Coréia do Sul (que foi goleada também pela Turquia, por 7 a 0). Ainda, o time de Puskas e Kocsis envergonhou os alemães com uma vitória de 8 a 3. Pelo Grupo 3, uruguaios e austríacos, que possuiam um time considerado forte, eliminaram sem dificuldades a fragilizada Tchecoslováquia e a Escócia com vitórias fáceis, sem tomarem nenhum gol sequer. Finalmente, no grupo 4, a anfitriã suíça classificou-se no sufoco: venceu a Itália e perdeu para a Inglaterra, que classificou-se em primeiro. Suíços e italianos disputaram então um jogo-desempate, com o país-sede vencendo de virada por 4 a 1.

Estavam definidos, então, os confrontos das quartas-de-final:
Alemanha x Iugoslávia, Uruguai x Inglaterra, Áustria x Suíça e Brasil x Hungria.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Eliminatórias 2010 - jogos de agosto

A segunda fase das Eliminatórias da Concacaf para a Copa de 2010 começou com vitórias magras para as três principais seleções do continente. Estados Unidos, México e Costa Rica sofreram mais do que o esperado nesta primeira rodada.

Os yankees, que tradicionalmente têm muitas dificuldades ao jogar na Guatemala, sofreram mais uma vez e só conseguiram marcar aos 24 minutos do segundo tempo, em cabeçada de Carlos Bocanegra após cobrança de escanteio de Beasley. A derrota foi ainda mais amarga para os Chapines por terem dominado a maior parte do tempo.

Também pelo grupo 1, Trinidad & Tobago conseguiu a vitória mais expressiva da rodada, ao bater Cuba por 3 a 1 em Havana. O nome do jogo foi o meia Keon Daniel, que marcou dois gols.

Quem sofreu mais para vencer foi o México, que saiu atrás no placar em pleno estádio Azteca. Julio Cesar Leon, em bela cobrança de falta, colocou a boa seleção hondurenha na frente aos 36 minutos. Pressionada por 114 mil torcedores, a El Tri precisou de mais meia hora de jogo para arrancar a virada, graças a Pavel Pardo. O meia de 32 anos fez duas vezes em três minutos, primeiro num belo chute e depois em cobrança de falta. Estréia dura para Sven Goran-Erkisson.

Na outra partida da chave, o Canadá mostrou mais uma vez que será difícil conseguir bons resultados, e empatou em casa com a Jamaica de Renê Simões. Após muita pressão, De Guzman abriu o placar. Contudo, o goleiro Pat Onstad pôs tudo a perder quando desviou para o próprio gol uma cobrança de escanteio.

Finalmente, o grupo 3 teve a Costa Rica vencendo El Salvador por 1 a 0 no estádio do Saprissa. Alvaro Saborio, do FC Sion, da Suíça, marcou dois minutos após o intervalo. Quem quase aprontou mais uma vez foi o Suriname, que chegou a abrir 2 a 0 em Porto Príncipe, mas acabou cedendo o empate ao Haiti. Wensley Christoph foi o destaque, com dois gols no primeiro tempo.

As próximas duas rodadas acontecem em setembro.

Grupo 1
Cuba 1x3 Trinidad e Tobago
Guatemala 0x1 Estados Unidos

Próxima rodada:

Cuba x EUA
Trinidad & Tobago x Guatemala

Grupo 2
Canadá 1x1 Jamaica
México 2x1 Honduras

Próxima rodada:

Jamaica x México
Canadá x Honduras

Grupo 3
Haiti 2x2 Suriname
Costa Rica 1x0 El Salvador

Próxima rodada:

Costa Rica x Suriname
El Salvador x Haiti

Uefa

Pelo grupo 6, as Eliminatórias européias tiveram seu pontapé inicial com a história vitória do Cazaquistão sbore Andorra por 3 a 0. Sergei Ostapenko marcou dois, aos 14 e aos 30 minutos, e Roman Uzdenov completou o placar aos 45.

Esta foi a primeira vitória dos cazaques em preliminares desde 2002, quando a seleção deixou a Confederação Asiática para se afiliar à Uefa. Até então, o time só havia conquistado um ponto, num empate sem gols com a Geórgia no qualificatório para a Copa da Alemanha.

A chave tem ainda Inglaterra, Croácia, Ucrânia, e Belarus.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eliminatórias da Uefa, Concacaf e amistosos

Um mês depois da final da Eurocopa, o futebol de seleções volta à ação com amistosos interessantes, além de sete partidas pelas Eliminatórias. A bola começa a rolar na Europa com Cazaquistão e Andorra, válido pelo Grupo 6, que tem ainda Croácia, Inglaterra, Ucrânia e Belarus. A primeira rodada completa da Europa acontece em setembro.

Uefa - Grupo 6

Cazaquistão x Andorra

As outras seis partidas são todas pela Concacaf: começa a segunda fase, que está dividida em três chaves de quatro times - após jogos de ida e volta, os dois melhores de cada grupo avançam ao hexagonal final.

Pelo grupo 1, os Estados Unidos visitam Guatemala tentando vencer os Chapines fora de casa pela primeira vez em 20 anos - a última vitória foi em 88, por 1 a 0. Desde então, foram quatro empates, incluindo o das Eliminatórias para a Copa de 2002, quando os guatemaltecas quase eliminaram os yankees, exatamente nesta fase (a diferença foi de um ponto). A outra partida da chave é entre Cuba e Trinidad & Tobago, em Havana.

Concacaf - Grupo 1

Guatemala x EUA
Cuba x Trinidad & Tobago

O grupo 2 é de longe o mais equilibrado: todos já participaram de uma Copa. As principais atrações estão no banco de reservas, já que Renê Simões volta à Jamaica para tentar repetir o feito de 1998 e Sven Goran-Eriksson estréia em partidas oficiais com o México. A partida contra Honduras, que busca finalmente sair do 'quase', marca também o retorno de Blanco à El Tri. Os Reggae Boyz, por sua vez, visitam o Canadá recheado de experientes, como Stalteri, Radzinski e de Guzmán. Após a pífia campanha para 2006, quando ficaram na última colocação, os Canucks podem ter a última chance de um bom resultado, já que a renovação não parece promissora.

Concacaf - Grupo 2

México x Honduras
Canadá x Jamaica

Finalmente, o grupo 3 é de longe o mais fraco e tem na Costa Rica a grande favorita. Los Ticos enfrentam duas equipes que saíram da primeira fase preliminar e surpreenderam times melhores ranqueados: recebem na seqüência El Salvador e Suriname, para fecharem o turno contra o Haiti em Porto Príncipe. Os surinameses, grande surpresa do continente, estréiam fora de casa contra os haitianos.

Concacaf - Grupo 3



Costa Rica x El Salvador
Haiti x Suriname

Amistosos pelo mundo

O meio de semana tem ainda 46 jogos amistosos. Austrália e África do Sul empataram em 2 a 2, no estádio Loftus Road, em Londres. Os Bafana Bafana saíram na frente, para a alegria do técnico Joel Santana, mas os Aussies viraram ainda no primeiro tempo. Teko Modise, aos 12 do segundo tempo, deu números finais ao placar.

Em outro jogo já realizado, o Japão perdeu para o Uruguai por 3 a 1, em Sapporo, confirmando a boa fase da equipe celeste. Todos os gols saíram no segundo tempo: Eguren fez contra para os japoneses, mas oito minutos depois recuperou-se da falha empatando o jogo. González e Sebastian Abreu deram números finais ao placar.

Confira os principais amistosos da semana:

Alemanha x Bélgica
Suécia x França
Dinamarca x Espanha
Áustria x Itália
Belarus x Argentina
Rússia x Holanda
Inglaterra x República Tcheca
Portugal x Ilhas Faroe
Turquia x Chile
Eslovênia x Croácia
Arábia Saudita x Paraguai
Tunísia x Angola
Colômbia x Equador
Tanzânia x Gana
Guiné x Costa do Marfim

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Conheça a seleção - San Marino, o pior futebol do mundo

Coluna publicada originalmente na Trivela.

O que têm em comum Samoa Americana, Anguilla, Ilhas Cook e Guam, todos pequenos arquipélagos do Caribe e da Oceania, com San Marino, república minúscula incrustada no nordeste da Itália? Eles dividem a mesma posição no ranking da Fifa: a última. Zerados em pontos, essas seleções representam algo como o submundo do futebol. E se todas possuem um nível parecido, o rótulo de pior futebol do planeta pode cair sobre quem está a mais tempo nesta posição: San Marino é quem tem mais experiência em estar entre os mais fracos.

Fundada em 1931, a federação nacional é uma das mais antigas da Europa. Entretanto, além de algumas edições esporádicas da Coppa Titano, existiu apenas no papel até 1985, quando finalmente começou a organizar o campeonato nacional e formar de fato uma seleção, que só estreou oficialmente em 1990, perdendo para a Suíça por 4 a 0 nas Eliminatórias para a Euro-92. Apesar da história ainda curta para os padrões do futebol, se comparado com os países que estão no mesmo nível San Marino evoluiu quase nada até aqui.

Pé-de-obra escasso

Investimentos têm sido feitos para se tentar mudar essa realidade. Só a Fifa, através de seu projeto “Goal”, aplicou US$ 1,5 milhão na construção de uma nova sede para a federação nacional e de um campo oficial de grama sintética para treinamento das categorias de base. Além disso, um acordo permitiu que equipes juvenis e juniores do país disputem campeonatos na Itália e outros vizinhos na tentativa de melhorar o nível da geração futura, já que não há competições nacionais de base.

Contudo, o que falta mesmo a San Marino é material humano. Estimativas para 2008 apontam a população local com aproximadamente 30 mil pessoas, o equivalente a uma pequena cidade brasileira. Já os 61 km² da área total da república são menores que a maioria dos municípios brasileiros. Seria como se a seleção brasileira tivesse de ser formada apenas com os jogadores nascidos na cidade baiana de Nazaré das Farinhas, terra natal de Vampeta. Se conseguir atletas com tão escassas opções já é difícil, imagine então encontrar ao menos alguns com qualidade.

E tem sido assim, pequeno e com poucos habitantes, há muito tempo. San Marino é a república mais antiga do mundo, instituída no ano de 301, após conquistar a independência do Império Romano. Marino, escultor procedente da ilha de Rab, atual Croácia, se instalou na região enquanto fugia da perseguição religiosa imposta pelo imperador Diocleciano. A Constituição que determinou o regime de república parlamentarista foi promulgada em 1600, e é a que está a mais tempo em vigência no planeta.

Santo de casa não faz milagre

Mas não apenas em sua história política San Marino detém recordes de longevidade. A seleção azul celeste levou quatorze anos (ou 64 jogos) para alcançar a primeira vitória: o triunfo sobre Liechtenstein por 1 a 0, no dia 28 de abril de 2004 transformou-se quase em feriado nacional. Andy Selva, autor daquele gol, é o maior artilheiro de todos os tempos, com sete tentos marcados. Ele é, de fato, o único sammarinense a ter marcado mais de uma vez. Mas como a partida era apenas amistosa, os primeiros três pontos em competições oficiais ainda estão por vir.

Desde que se afiliou à Fifa e à Uefa, em 1988, San Marino participou de todas as Eliminatórias, tanto para Copas do Mundo quanto para Eurocopas. O retrospecto, no entanto, é desanimador: as derrotas são tão freqüentes que empates, mesmo dentro de casa, são comemorados. Desde sua estréia, nas preliminares para a Copa dos Estados Unidos, foram dois em 26 jogos. O saldo geral impressiona: 151 gols negativos.

Ao menos, é de San Marino o gol mais rápido da história das Eliminatórias para a Copa. Em 1993, contra a Inglaterra, Davide Gualtieri abriu o placar aos oito segundos – o que não foi suficiente, afinal os ingleses venceram por 7 a 1. A reputação da equipe é tão ruim que quando conquistou seu primeiro empate fora de casa, 1 a 1 com a Letônia em Riga, nas Eliminatórias para 2002, o técnico Gary Johnson foi demitido no vestiário pela federação leta.

Mas o panorama não parece ser de evolução. Nas Eliminatórias para 2006, a equipe voltou a perder todos os jogos e, no qualificatório para a Euro 2008, bateu outro recorde negativo: a derrota por 13 a 0 para a Alemanha foi a maior da história do torneio continental. Até no ranking da Fifa a colocação já foi melhor: em 1993, após um empate com a Turquia, apareceu na 118ª posição.

Campeonato amador

A falta de jogadores afeta a seleção e, por tabela, também o campeonato nacional. Organizado a partir de 1985, possuía duas divisões até 1996, quando foi reestruturado. Os quinze times são divididos em dois grupos, e os três melhores de cada chave participam do torneio play-off que decide o campeão. Tre Fiori e Domagnano são os maiores campeões, com quatro títulos cada, mas o SS Murata, da capital, é o atual tricampeão.

Os alvinegros foram primeiro time do país a disputar a Liga dos Campeões, na temporada passada, e ganharam as manchetes após contratarem o zagueiro brasileiro Aldair, que jogará mais um campeonato. Recentemente, a Societá convidou Romário e até Schumacher, mas não teve sucesso.

Percebe-se logo que o sammarinense é ainda um campeonato amador. Por questões de espaço, os times não possuem estádio próprio e as rodadas acontecem nos seis campos existentes no país. Os jogadores, em sua maioria, também são amadores – as exceções atuais são Andy Selva e o goleiro da seleção, Aldo Simoncini, que joga no San Marino Calcio, equipe fundada pela federação e que disputa a Série C2 italiana.

Em 2006, a federação elegeu Massimo Bonini como o maior jogador da história do país. Único atleta a jogar uma final de Copa Européia, defendeu a Juventus de 1981 a 88 e as seleções de base da Itália. Quando San Marino se afiliou à Uefa, passou a jogar por sua terra natal, mas já havia encerrado a carreira profissional. O zagueiro Mirco Gennari é quem mais vestiu a camisa azul celeste, com 48 partidas entre 1992 e 2003.

Nas Eliminatórias para 2010, San Marino terá pela frente República Tcheca, Polônia, Irlanda do Norte, Eslováquia e Eslovênia. Em seu nível, um grupo dificílimo até mesmo para alcançar o objetivo traçado pelo técnico Giampaolo Mazza, que na verdade trabalha como professor de educação física: conquistar a primeira vitória em competições oficiais. Para quem tem o pior futebol do mundo, isso será mais valioso do que qualquer conquista.

San Marino

Nome da federação: Federazione Sammarinese Giuoco Calcio
Ano de fundação: 1931
Copas do Mundo disputadas: 0
Eliminatórias disputadas: 4 (1994, 1998, 2002 e 2006)
Resultados em eliminatórias: 0V, 2E, 24D; 7 GP, 158 GC
Melhor resultado na Eurocopa: Nunca disputou
Principais clubes do país: Tre Fiori (Fiorentino), Domagnano (Domagnano), Faetano (Faetano), Folgore/Falciano (Serravalle), Murata (San Marino).
População: 29.973 (215º) – Dados de 2008
Posição no ranking da Fifa: 200º (agosto/2008)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O desafio de Brückner

Publicado originalmente na coluna Futebol Alpino da Trivela.

Pegou todos de surpresa a nomeação de Karel Brückner como novo técnico da seleção austríaca. O tcheco de 68 anos assumiu no lugar de Joseph Hickersberger, que deixou o cargo após a Eurocopa. Brückner comandou seu país no torneio continental, mas também não conseguiu a classificação para as quartas.

Apesar do renome e da experiência do escolhido, a surpresa não foi positiva. Após as recusas de Ronald Koeman e Mirko Slomka, os nomes mais prováveis eram Johan Neeskens ou Didi Constantini, que já comandou a seleção na década de 90. A ÖFB, entretanto, decidiu apostar no currículo do tcheco, semifinalista da Euro 2004. A reação da imprensa e da torcida foi imediata e nada animadora.

Quem pegou mais pesado foi Felix Gasselich, ex-jogador de Áustria Viena, Ajax e da seleção. “Logo após o anúncio, recebi cerca de trinta ligações e nenhuma foi amistosa. A Áustria tem finalmente uma nova geração de talentos e, ao invés de um técnico moderno, de visão, escolheram um quase aposentado”, afirmou com contundência.

Gasselich tem razão, ao menos em relação aos jovens que surgem agora no país. O elenco quarto colocado no Mundial Sub-20 do ano passado, no Canadá, pode fornecer quase um time inteiro para os próximos anos. E com a aposentadoria de estrelas do passado, como Vastic e Ivanschitz, haverá ainda mais espaço para o desenvolvimento dessas promessas na seleção principal desde já – estratégia que deu certo na vizinha Alemanha.

O momento é muito favorável. Apesar da eliminação em casa na primeira fase, esta foi a estréia austríaca nas finais de uma Euro – e a primeira competição de ponta em oito anos, desde a Copa de 98. Jovens como Erwin Hoffer e Sebastian Prödl, que já fazem parte da seleção principal, vivenciaram uma experiência fundamental para se tornarem ícones da renovação. Hoffer marcou quatro gols no final de semana pelo Rapid Viena e é vice-artilheiro da Bundesliga, com cinco. Prödl tem agradado muito na pré-temporada e será titular da lateral-direita do Werder Bremen, desenvolvendo-se em um centro melhor, ao lado do atacante Martin Harnik.

Outros garotos da geração ’87 vão ganhando seu espaço, como o habilidoso Rubin Okotie, do Áustria Viena. Brückner tem ainda outras opções, como o atacante-sensação da temporada, Marc Janko, do Red Bull Salzburg. O artilheiro do campeonato, com sete gols em seis jogos, tem 27 anos e pode ganhar nova chance.

Brückner, contudo, já avisou que não deve promover mudanças drásticas em relação ao trabalho desenvolvido por Hickersberger – mesmo a seleção tendo vencido apenas duas das últimas 19 partidas. “Não temos muito tempo. Vou assistir aos DVDs dos jogos, mas na Euro pude ver que o time jogou bem, apesar dos resultados”, disse na apresentação.

Para sua estréia, no amistoso com a Itália no dia 20, Brückner deve então manter o grupo da Euro em sua convocação. Dependendo do resultado, as mudanças podem acontecer já para a estréia nas eliminatórias para a Copa, diante da França, no dia 6.

Prejudicada pelos maus resultados dos últimos anos, a Áustria caiu no ranking da Uefa e terá um grupo dificílimo pela frente: além dos Bleus, enfrentam uma Romênia empolgada pela campanha na Euro e a talentosa e sempre eficiente equipe da Sérvia. Jogando também com Lituânia e Ilhas Faroe, a Áustria aparece como quarta força do grupo – muito pouco para voltar ao Mundial.

Brückner, no entanto, se mostra confiante. “A classificação não é um sonho, mas um objetivo”, disse, esquivando-se de prometer resultados. Talvez por isso a escolha tenha sido criticada: outros treinadores, sem tanta pressão contrária, poderiam assumir um trabalho de reestruturação pensando não em 2010, mas para adiante.

De qualquer forma, o desafio de Brückner será enorme. Para se ter uma idéia, até mesmo o ex-jogador Andreas Herzog, assistente técnico de Hickersberger que continuará na função, não escondeu seu descontentamento. “Confesso que tinha a esperança de ser efetivado, mas sei que aprenderei muito com ele e espero que isso pese para que eu possa assumir a seleção um dia”, disparou.

Se um dos argumentos contrários ao tcheco era de que ele não poderia ter mais muita motivação aos 68 anos, fica a certeza de que, exatamente daí, ele pode extrair seu entusiasmo: assumir a Áustria mesmo com tantos empecilhos será o maior desafio da vida de Brückner.

sábado, 9 de agosto de 2008

Conheça a seleção - Taiwan


Se desenvolver o futebol já é difícil para muitos países estabelecidos, para um que ainda luta pelo reconhecimento de sua identidade é quase um desafio. É neste contexto que está inserido o futebol de Taiwan, ilha no sudeste asiático que, apesar de sua prosperidade econômica, ainda enfrenta dura resistência da China quanto à sua independência. E para piorar o quadro, existe até mesmo quem defenda a reunificação, aumentando a instabilidade e as incertezas – que acabam por se refletir no esporte.

Originalmente parte do Império Chinês, Taiwan foi cedido ao Japão após a derrota na guerra sino-japonesa, voltando ao comando da China após a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1950, com a derrota das forças nacionalistas pelos comunistas, liderados por Mao Tse-Tung, o governo deposto partiu para Taiwan, estabelecendo a “República da China” na ilha, vista até hoje pela China continental, governo instituído, como uma província rebelde.

Confira a íntegra na Trivela

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ranking da Fifa: Brasil cai para segunda pior posição da história

O Brasil caiu para o sexto lugar no ranking da Fifa divulgado hoje pela entidade, com 1242 pontos. Esta é a segunda pior posição desde o início da publicação mensal: em agosto de 1993, a seleção canarinho apareceu em oitavo lugar, mas assumiu a ponta no mês seguinte - o que muito dificilmente acontecerá agora, devido ao novo sistema de pontuação.

A Espanha manteve a ponta com os mesmos 1557 pontos, mas aumentou sua vantagem, já que a Alemanha ultrapassou a Itália na segunda colocação. Os vice-campeões da Euro têm 1343. A queda brasileira impulsionou Holanda e Croácia para o Top Five. A Argentina vem logo atrás, em sétimo, com 1219.

Completam o top 10 República Tcheca e Portugal, que se mantiveram em suas posições, e a Rússia, entre os dez melhores pela primeira vez desde 1997. Quem mais subiu entre o Top 50 foi o Chile, galgando quatro degraus para aparecer em 39º. O México, por outro lado, segue caindo a cada mês e despencou treze postos, aparecendo em 32º, ao lado da Irlanda do Norte.

Quem mais subiu no mês foram Namíbia, Ilhas Salomão e Myanmar: sete posições cada (124º, 129º e 157º, respectivamente). Já o Vietnã desceu impressionantes 41 lugares, caindo do 124º para o 165º lugar.

O próximo ranking será divulgado no dia 03 de setembro. Até lá, com a realização de amistosos e mais alguns jogos pelas Eliminatórias, mudanças maiores podem acontecer.

Abaixo, os trinta primeiros: