quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

História das Copas - Suécia 1958 (parte I)

A escolha da sede da Copa de 1958 recebeu a mesma justificativa de quatro anos antes: por ter ficado neutra na Segunda Grande Guerra, a Suécia não sofreu muitos danos estruturais e poderia receber a competição com condições excelentes. A cada Copa, o número de seleções inscritas para participar aumentava e dessa vez não foi diferente. 53 países demonstraram à FIFA o interesse de disputar a primeira Copa sem seu idealizador, Jules Rimet, que havia morrido dois anos antes. Como de costume, o país sede e o atual campeão classificaram-se diretamente. O Brasil enfrentou dificuldades pela primeira vez, mas venceu o Peru e carimbou o passaporte rumo à Suécia, junto com Paraguai e Argentina, que voltava finalmente a disputar uma Copa depois de 24 anos.

Na Europa, a Hungria tinha um time desfigurado após a formação da União Soviética e, embora tenha conseguido se classificar, não passou da primeira fase. Talvez a ausência mais sentida foi a da seleção espanhola, com jogadores como Di Stefano, Kubala e Suárez, craques do Real Madrid que venceu três vezes a Copa dos Campeões da Europa na década de 50. Além dos espanhóis, a Itália ficou de fora da Copa pela primeira vez, ao ser eliminada pela Irlanda do Norte, e a Inglaterra não conseguiu se classificar desfalcada que estava de oito jogadores do Manchester United que morreram em um acidente de avião em fevereiro do mesmo ano.

Primeira fase

O regulamento da Copa do Mundo se estabilizou em 58, mudando apenas em 74. Os 16 times eram divididos em quatro grupos de quatro, passando os dois melhores para as quarta-de-final, indo no mata-mata até a decisão. O Brasil, apontado pelos jornalistas suecos como favorito à conquista do título junto com a União Soviética e a Argentina, não teve dificuldades em sua estréia, vencendo a Áustria por 3 a 0, ainda que não tenha produzido tanto quanto se esperava. O segundo jogo, contra a Inglaterra, era muito esperado por todos, prometendo um belo espetáculo. O jogo, entretanto, foi tenso até o apito final, que ao soar registrou o primeiro 0 a 0 da história das Copas. A partida contra a União Soviética tornara-se crucial: se perdesse, o Brasil estaria eliminado.

Antes da partida, diz a lenda que alguns jogadores se reuniram com o técnico Vicente Feola e pediram mudanças no time. Garrincha, Pelé e Zito entraram, então, nos lugares de Joel, Dida e Dino Sani. Seria a primeira participação em Copas de um menino de apenas 17 anos, o mais jovem até então a disputar uma Copa. O time soviético era muito forte, mas o Brasil pressionou no início e marcou 1 a 0 com Vavá. O jogo foi se equilibrando, mas Garrincha, um mané botafoguense de pernas tortas, complicou a vida dos adversários e ajudou a construir a fama do goleiro Lev Yashin, obrigando-o a desempenhar grandes defesas. No segundo tempo, Vavá ampliou para a festa dos brasileiros, especialmente de um garoto que começaria a brilhar a partir dali.

A União Soviética venceu a partida-desempate contra a Inglaterra e também se classificou no Grupo 4. No Grupo 1, zebra atrás de zebra. A Irlanda do Norte derrotou a Tchecoslováquia, que aplicou uma goleada de 6 a 1 nos argentinos. Eliminados no saldo de gols, os argentinos que eram favoritos voltaram para casa mais cedo e viram a Irlanda do Norte vencer os tchecos novamente para garantir o segundo lugar do grupo, atrás da Alemanha, que venceu os argentinos e empatou os dois jogos restantes.

No Grupo 2, a França apresentava ao mundo seu atacante, Just Fontaine, que marcou 3 na goleada de 7 a 3 sobre o Paraguai. França e Iugoslávia classificaram-se às quartas-de-final, ao passo que Paraguai e Escócia voltaram para casa com um ponto cada. Finalmente, no grupo 3, a Hungria, enfraquecida pelo bloqueio comunista, não foi nem sombra do time de quatro anos antes, sendo eliminada pelo País de Gales no jogo-desempate. A Suécia, anfitriã, desempenhou bem o seu papel a vencer dois jogos e empatar um.

Estavam definidas as quartas-de-final: Alemanha x Iugoslávia, França x Irlanda do Norte, Suécia x União Soviética e Brasil x País de Gales.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eliminatórias – fevereiro – Ásia

O continente asiático será o primeiro a conhecer seus classificados para a Copa do Mundo. Em junho, acontece a última rodada da fase final, mas já em abril, dependendo dos resultados, poderemos ter os primeiros passaportes carimbados para a África do Sul. Muita coisa pode começar a se definir quando o primeiro turno acabar nesta quarta-feira. Confira o panorama da AFC:

Grupo 1

Última rodada – 19/11

Bahrein 0x1 Austrália
Catar 0x3 Japão

Classificação

1. Austrália........9
2. Japão..............7
3. Catar..............4
4. Bahrein..........1
5. Usbequistão...1

Japão x Austrália

O jogo mais esperado talvez de todas as Eliminatórias asiáticas não deve definir muito a não ser a primeira posição do grupo, afinal Austrália e Japão são de longe as melhores equipes do continente hoje, e a confirmação de suas classificações é questão de tempo. A atração é o duelo entre dois companheiros de equipe: o atacante Scott McDonald e o meia Shunsuke Nakamura, ambos titulares do Celtic, estarão em lados opostos comandando suas equipes em Yokohama.

Mesmo com a melhor campanha – 100% de aproveitamento, 6 gols marcados e nenhum sofrido –, os Socceroos consideram o empate um excelente resultado, que assegura a liderança da chave. Já o Japão vem embalado pela goleada por 5 a 1 sobre a Finlândia em amistoso no último domingo. A partida serve como vingança para os japoneses, derrotados por 3 a 1 no último duelo entre as duas equipes, na estréia da Copa da Alemanha, quando a Austrália ainda fazia parte da OFC. Confirmado para o jogo, Tim Cahill marcou dois gols naquela ocasião e pretende repetir o feito.

Bahrein x Usbequistão

É tudo ou nada para barenitas e usbeques: empatados na lanterna com um ponto, ambos sabem que a derrota significa o adeus à classificação direta e diminui consideravelmente as chances de uma vaga na repescagem. Os ex-soviéticos, apesar de jogarem fora de casa, têm a responsabilidade de fazer valer a excelente campanha da fase anterior, quando venceram cinco dos seis jogos. No quadrangular final, entretanto, o time do goleador Shatskikh balançou as redes apenas uma vez.

Para melhorar a performance, o time treinou por dez dias em Israel, no mês de dezembro, e 15 dias na Turquia, realizando uma série de amistosos com equipes locais. A concentração serviu de resposta aos críticos que afirmam que a falta de preparação adequada foi a responsável pela eliminação em 2005, na repescagem, exatamente para o Bahrein, que depois acabaria perdendo a vaga na Copa para Trinidad & Tobago. Curiosamente, a seleção do Oriente Médio jamais venceu os usbeques nos quatro jogos disputados até aqui - no qualificatório para a Copa de 2006, avançou com dois empates, graças a gol marcado fora de casa.

Grupo 2

Última rodada – 19/11


Arábia Saudita 0x2 Coréia do Sul
Emirados Árabes Unidos 1x1 Irã

Classificação

1. Coréia do Sul........7
2. Irã..........................5
3. Coréia do Norte.....4
4. Arábia Saudita......4
5. EAU......................1

Irã x Coréia do Sul

A Coréia do Sul é outra equipe que não vem encontrando dificuldades nas Eliminatórias asiáticas. A tranquilidade com que construiu a vitória sobre a Arábia Saudita em Riad mostra quão favoritos o Taeguk Warriors são para esta partida, mesmo jogando fora de casa. A preparação foi intensa, com cinco amistosos disputados em duas semanas durante o mês de janeiro.

Já no Irã, o ex-atacante, ídolo nacional e técnico Ali Daei aposta na experiência do trio que joga na Europa: Javad Nekouman e Masoud Shojae, do Osasuna, e Vahid Hashemian, que defende o Bochum e irá para o jogo mesmo com a morte de sua mãe na semana passada. Resta saber como ele se portará em campo. Após um início muito ruim nas Eliminatórias, os iranianos voltaram aos eixos com a nomeação de Daei e vêm de bons resultados, vencendo em Teerã e empatando fora de casa.

Coréia do Norte x Arábia Saudita

Toda partida que envolve a Coréia do Norte é cercada de tensão e expectativa. Não só nos encontros com a inimiga vizinha do Sul, que têm sido raros nestas Eliminatórias, mas também porque, desta vez, seu adversário joga pela sobrevivência na competição. Os sauditas são, no momento, os mais ameaçados a ficar de fora das vagas diretas para a Copa, dentre os asiáticos que disputaram o Mundial da Alemanha.

Empatada em pontos com o rival desta quarta, a Arábia disputou em janeiro a Gulf Cup e, apesar de uma campanha consistente com duas goleadas e nenhum gol sofrido, acabou derrotada na final pelos anfitriões de Omã, caindo na disputa de pênaltis. A esperança recai novamente sobre Yasser Al-Qahtani, um dos atletas mais experientes da seleção. Já a Coréia do Norte, eterna candidata a surpresa, aposta suas fichas no atacante Hong Yong Jo, um dos poucos atletas a atuar fora do país - defende o FC Rostov, da primeira divisão russa.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Eliminatórioas - fevereiro - Concacaf

Começa na próxima quarta-feira o hexagonal final das Eliminatórias da Concacaf para a Copa de 2010. Para muitos, é neste estágio que a disputa realmente se inicia, dada a disparidade existente entre as forças como Estados Unidos e México e as outras equipes.

Forças, aliás, que se enfrentam já na rodada de estreia, aumentando a tensão. Confira os jogos:

1ª rodada - 11/02

Estados Unidos x México

Se o México já enfrentou problemas no final da fase anterior, com derrotas que fizeram a classificação parecer ameaçada, a estreia no hexagonal promete mais emoções. Para a partida em Columbus, o técnico Sven-Goran Eriksson convocou quatro atacantes de renome - mas nenhum é titular em seus clubes e todos têm atuado muito pouco.

Giovani dos Santos encabeça a lista, tendo seu nome veiculado a uma transferência do Tottenham dada sua contribuição quase nula ao time. Gio estaria, inclusive, fora de forma, e sua convocação foi bastante questionada pela imprensa mexicana. Da mesma forma, Omar Bravo tem esquentado o banco do La Coruña. Guillermo Franco, lutando pela titularidade no Villarreal, começou jogando na derrota para o La Coruña, mas foi sacado no intervalo. Por fim, Nery Castillo, do Shaktar Donetsk, completa a lista. O problema é que o jogador não atua desde o ano passado, graças ao calendário diferente devido ao rigoroso inverno. Carlos Vela, que seria uma opção, está suspenso por ter sido expulso na derrota para Honduras na fase anterior.

Por tudo isso, é normal que os Estados Unidos sejam considerados favoritos. Ainda assim, o líder da equipe, Landon Donovan, adota um discurso modesto. "Chegamos como favoritos, mas todos os times começam com zero ponto. A chance é igual para todos", afirmou, desconsiderando o fator da temperatura que os mexicanos deverão enfrentar no Crew Stadium, próxima a zero graus. Para completar, os Estados Unidos jamais foram derrotados em casa pelas Eliminatórias.

Costa Rica x Honduras

Os holofotes podem estar virados para o eterno duelo entre yankees e eses, mas a verdade é que outro "clássico" agita a primeira rodada: Costa Rica e Honduras colocam em jogo o posto de melhor seleção da América Central. Impulsionados por Bryan Ruiz, que assumiu o posto de estrela após a aposentadoria internacional de Wanchope, os Ticos querem mostrar que a campanha na etapa anterior, com 100% de aproveitamento em seis jogos, não foi por acaso.

Por outro lado, os hondurenhos nunca estiveram tão pertos de repetir o feito de 82 e disputar novamente uma Copa do Mundo. Com uma safra que contém David Suazo, Maynor Figueroa e Wilson Palacios, sonhar não parece tão difícil. A forma como começarem sua campanha, enfrentando os favoritos fora de casa, mostrará qual a verdadeira capacidade dos catrachos.

El Salvador x Trinidad & Tobago

Trinidad & Tobago entrou como azarão nas Eliminatórias para 2006, nunca foi muito levado a sério, mas chegou até a Alemanha. Com esse espírito, os Soca Warriors terão muita experiência a seu favor: o técnico é o colombiano Francisco Maturana, e além de Dwight Yorke, o veteraníssimo Russel Latapy, aos 40 anos, voltou a seleção para tentar repetir o feito de quatro anos atrás.

Já os salvadorenhos são a maior surpresa destas Eliminatórias, já que estavam mal rankeados e passaram por todas as fases para chegar ao hexagonal. A nova safra também é otima: Rudis Corrales é o artilheiro do continente, com sete gols, e terá ao seu lado dois nomes emergentes em Eliseo Quintanilla e Dennis Alas. Os Cuscatlecos não perderam nos último cinco jogos da fase anterior e correm por fora.

Palpite para classificação: Estados Unidos, México e Costa Rica carimbam passaporte. Para a vaga da repescagem, a briga é muito igual. Honduras parece viver o melhor momento, por isso está com meio corpo à frente na largada.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Craques das Copas - Bobby Charlton


Sobrevivente do desastre aéreo de Munique e campeão da Copa de 66 mas, acima de tudo, um grande jogador. Robert Charlton, ou "Sir Bobby", como é conhecido, construiu em campo a fama de jogador firme, mas leal. Sua maior característica era a versatilidade: apesar de possuir um físico forte, distribuía bolas como poucos, colocando sempre os adversários na cara do gol. Além disso, seu potente chute rendeu-lhe 49 gols em 106 jogos pelo English Team: o recorde de tentos pela seleção é ainda mais espantoso se considerado que ele era um meio-campo defensivo.

Começou a jogar bola no time de sua escola, o East Northumberland, até que, aos 15 anos, foi visto por Matt Busby, dirigente do Manchester United. Galgou seu espaço nas categorias de base do clube e estreou na equipe principal três anos depois, marcando dois gols na vitória de 4 a 2 sobre o Charlton Athletic. Naquele ano, o Manchester foi campeão inglês e Bobby marcou 10 gols em 14 partidas, uma média excelente. Uma temporada vencedora mas que sofreria um grave golpe: em fevereiro daquele mesmo ano de 1958, o avião que levava o time para o jogo contra o Bayern de Munique, válido pela Copa Européia, sofreu um acidente que matou oito jogadores. Bobby escapou sem nenhum arranhão, embora o sofrimento pela perda dos colegas tenha sido maior que qualquer coisa.

A seleção inglesa sofreu um duro baque para a disputa da Copa de 58 e o Manchester só se reergueria cinco anos depois, vencendo a Copa da Inglaterra e conquistando o troféu da Liga em 65 e 67. Bobby foi crucial para a união do time, tendo sido um dos que mais sofreram com o acidente - e um dos poucos que teve condições de continuar jogando após a tragédia. Até que, dez anos depois, Bobby marcou dois gols na vitória de 4 a 1 sobre o Benfica em Wembley, que valeu ao Manchester o título da Copa Européia de Clubes, a atual Liga dos Campeões. Foi a primeira conquista de um clube inglês na competição e uma vitória pessoal para Bobby, que àquela altura era o único jogador do time remanescente do desastre.

Um ano antes, Bobby havia ajudado a seleção inglesa a conquistar a Copa do Mundo organizada em seu país. Titular absoluto da seleção desde a Copa anterior, Bobby e seu irmão Jack, zagueiro, alcançaram a maior glória do English Team em todos os tempos. Os inventores do futebol haviam vencido sua primeira - e até hoje, única - Copa.

Bobby marcou um gol na vitória de 2 a 0 sobre o México na primeira fase e, ainda mais importante, os dois gols da vitória sobre a excelente seleção de Portugal que tinha Eusébio, o craque da Copa. Após a vitória na final, ninguém mais do que ele era um verdadeiro vencedor ao erguer a Taça Jules Rimet. Após a derrota para a Alemanha nas quartas-de-final da Copa de 70, Bobby despediu-se da seleção, aos 32 anos. Ningupem censurou-o, afinal ele havia feito muito mais do que qualquer outro pelo English Team.

Após 20 anos no Manchester, Bobby encerrou sua carreira jogando duas temporadas num time muito mais modesto, o Preston North End, onde além de jogador, era técnico do time. Após pendurar as chuteiras, abriu várias escolinhas de futebol e, em 1984, virou dirigente do Manchester United e foi nomeado para o Comitê de Futebol da FIFA. Recebeu da Rainha Elizabeth a honra máxima que um cidadão britânico pode obter, o título de Cavaleiro Real Britânico, que faz com que todos o chamem de Sir Robert Charlton. Ou Sir Bobby, que também funciona muito bem.

Nome : Robert Charlton
Data de nascimento: 11/10/1937
Local: Ashington, Inglaterra

Carreira:

Em clubes:
245 gols em 751 partidas
1953 a 1972: Manchester United
1973 a 1974: Preston North End (jogador e técnico)

Na seleção:
49 gols em 106 jogos (maior artilheiro da história da seleção inglesa

Títulos:
1966: Campeão da Copa do Mundo
1957, 1965 e 1967: Campeão inglês
1968: Campeão da Copa Européia de Clubes (atual Liga dos Campeões)
1963: Campeão da Copa da Inglaterra