quinta-feira, 28 de agosto de 2008

História das Copas - Suíça 1954 (parte I)


Após 16 anos, a Copa do Mundo voltava à Europa. A II Guerra Mundial paralisou o mundo por uma década, e a primeira Copa após esse período foi realizada no Brasil por falta de infra-estrutura no Velho Continente. A Suíça, entretanto, havia tomado uma posição neutra na guerra e não sofreu muito com a destruição. Além disso, sua localização - no centro da Europa - possibiltava viagens a baixo custo para os países vizinhos.

Pela primeira vez o Brasil se viu obrigado a disputar as eliminatórias, não encontrando, porém, muita dificuldade: venceu Chile e Paraguai e se classificou. A Argentina mais uma vez não quis participar e o Uruguai, atual campeão, qualificou-se diretamente, assim como a Suíça, país-sede. A Hungria, campeã olímpica de 1952, era a principal favorita ao título, embora os bicampeões uruguaios demandassem respeito.

A Espanha, outra seleção forte da época, ficou de fora da Copa de uma maneira inusitada: no confronto com a Turquia, venceu em casa e perdeu fora. No jogo-desempate, em campo neutro, os times empataram e, como naquela época não havia disputa de pênaltis, a Turquia classificou-se através de um sorteio. Na CONCACAF, o México venceu os Estados Unidos e o Haiti e, pela primeira vez, a Copa teve um representante asiático: a Coréia do Sul, que eliminara o Japão. Entretanto, a seleção ainda beirava o amadorismo e sofreu duas goleadas, sem marcar um gol sequer.

A fórmula de disputa mudou mais uma vez. Agora, os 16 times foram dividos em quatro grupos de quatro. Até aí tudo bem, mas em cada grupo havia dois cabeças-de-chave, que não se enfrentavam. Os dois primeiros se classificavam para as quartas-de-final, e a partir daí o torneio seguiria no mata-mata.

Primeira fase

A seleção brasileira chegou muito festejada à Suíça, celebrada por seu futebol envolvente, embora os favoritos ao título fossem os húngaros, campeões olímpicos dois anos antes. O time tinha alguns remanescentes do Maracanazzo de 50, e já contava com jogadores que se tornariam campeões do mundo em 1958, na Suécia.

A estréia foi um passeio de 5 a 0 sobre o México. No segundo jogo, uma cena digna de comédia pastelão. Um empate bastava para classificar brasileiros e iugoslavos, mas a delegação tupiniquim não sabia disso. O Brasil saiu perdendo e, quando Didi empatou aos 24 minutos, o time foi ao ataque desesperadamente, tentando evitar a eliminação. Os iugoslavos tentavam dizer aos brasileiros em campo que o resultado classificava as duas equipes, mas nada adiantou. A partida terminou empatada e os jogadores saíram chorando de campo. Só depois foram avisados de que estavam classificados.

No Grupo 2, a Hungria deu mostras de seu poder ofensivo ao massacrar por 9 a 0 a Coréia do Sul (que foi goleada também pela Turquia, por 7 a 0). Ainda, o time de Puskas e Kocsis envergonhou os alemães com uma vitória de 8 a 3. Pelo Grupo 3, uruguaios e austríacos, que possuiam um time considerado forte, eliminaram sem dificuldades a fragilizada Tchecoslováquia e a Escócia com vitórias fáceis, sem tomarem nenhum gol sequer. Finalmente, no grupo 4, a anfitriã suíça classificou-se no sufoco: venceu a Itália e perdeu para a Inglaterra, que classificou-se em primeiro. Suíços e italianos disputaram então um jogo-desempate, com o país-sede vencendo de virada por 4 a 1.

Estavam definidos, então, os confrontos das quartas-de-final:
Alemanha x Iugoslávia, Uruguai x Inglaterra, Áustria x Suíça e Brasil x Hungria.

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