segunda-feira, 3 de março de 2008

A Copa do Mundo



Entra no ar hoje o Febre Mundialista, um blog que pretende levar informações, curiosidades e um pouco da história das Copas do Mundo para quem é doente por Copa. Acompanhe conosco a contagem regressiva rumo à África do Sul, palco da 19ª edição do maior evento do esporte mundial. Para começar, alguns trechos do livro "Ora, Copas!", que tive o prazer de escrever com os amigos Carlos Eduardo Giacomeli e Rafael Felippe para o trabalho de conclusão de curso da Faculdade de Jornalismo, ainda em 2005.

Que a febre comece!

"Quando assumiu a presidência da FIFA em 1921, o francês Jules Rimet tinha um sonho: organizar um campeonato mundial de seleções. A Europa sofria com as chagas da Primeira Guerra e somente nove anos depois esse sonho se tornaria possível, com a decisão de sediar o primeiro torneio no Uruguai, em 1930.

O Mundial teve a participação de treze equipes e passou a se chamar “Copa do Mundo”, em alusão ao formato da taça entregue ao vencedor – naquela primeira edição, o Uruguai. Mal sabia Rimet a magnitude que o sonho alcançaria: Setenta e cinco anos depois da primeira edição, a Copa do Mundo movimenta cerca de duzentos bilhões de dólares em todo o mundo, seja em patrocínio, salários dos jogadores, organização, turismo ou venda de direitos de transmissão.

O grande responsável pelo crescimento que a Copa do Mundo sofreu e pela transformação em um negócio bilionário foi o brasileiro João Havelange. Eleito presidente da FIFA em 1974, fechou contratos com a ISL, empresa de marketing, para negociação dos direitos de transmissão; com a Adidas, fornecedora de todo o material esportivo da competição (bolas e uniformes dos trios de arbitragem); e com a Coca-Cola, maior patrocinadora do torneio, que pagou US$8 milhões para ser a companhia oficial de bebidas do Mundial da Argentina, em 1978. Havelange agregou mais países à FIFA do que qualquer outro presidente da história da entidade: em 1979, a instituição máxima do futebol contava com 146 afiliados e hoje possui 207, mais até que as Nações Unidas, que tem 191. Em 1982, aumentou o número de participantes da Copa de dezesseis para vinte e quatro e, em 1998, antes de deixar o cargo, para trinta e dois, o dobro do número original.

Mas não é só de números que é feita a Copa do Mundo. Acima de tudo, está a paixão. O futebol é o esporte mais popular do mundo, praticado por cerca de 240 milhões de pessoas em todo o planeta. Tamanha importância pôde ser verificada em 2002, quando a FIFA realizou um estudo em treze países e em todos foi apontado como o esporte favorito da população. Não surpreendem então as cifras que compõem a Copa do Mundo.

Guerras nos bastidores, intrincadas negociações bilionárias e a fina linha que separa a beleza do esporte do mercado do entretenimento. Apesar de tudo isso, é fato que a Copa do Mundo ostenta até hoje o glamour dos grandes craques, a emoção dos jogos clássicos e a sadia rivalidade entre as nações – desde que restrita às quatro linhas. Além da espera de quatro anos que deixa muitos torcedores agonizando e que acaba frustrando as chances de determinado jogador disputar mais uma Copa, o charme do Mundial é exatamente o caráter imprevisível que ele adquiriu ao longo dos anos. Em todas as edições, a Copa apresenta três características distintas que, embora não necessariamente sempre apareçam juntas, dão novo sabor à disputa: muitos favoritos e candidatos absolutos ao título caem pelo caminho; muitas seleções desconhecidas e desacreditadas surpreendem com um futebol diferente; e a principal: em final de Copa, o favorito vencer não é regra. É exceção.

É por essas e outras que a Copa do Mundo ainda fascina gerações e gerações de torcedores, ainda é a realização profissional de jogadores e jornalistas, ainda é o expoente máximo do futebol mundial. E é por essas e outras que, quando assumiu a presidência da FIFA em 1998, o suíço Joseph Blatter sabia que o sonho de Jules Rimet tinha se concretizado. E sabia que esse sonho nunca iria morrer. "

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